Acesso igualitário à agua

O aumento da demanda por comida, a rápida urbanização e as mudanças climáticas ameaçam o abastecimento de água no mundo. Essa conclusão faz parte do novo relatório da ONU intitulado “Administrando Água sob Risco e Incerteza”, divulgado na segunda-feira (dia 12/3), no Fórum Mundial sobre Água, em Marselha (França).

O documento estima que haverá até 2050 um aumento de 19% no uso de água na agricultura, que já consome 70% da água doce no mundo. Além disso, por conta do crescimento da demanda de água, países estão explorando suas reservas subterrâneas e as mudanças climáticas estão alterando os padrões de chuva, a umidade do solo e causam secas e tempestades. A estimativa é que em 2070, 44 milhões de pessoas serão afetadas pelas consequências das mudanças climáticas.

“Ao menos que a água tenha uma importância central no planejamento do desenvolvimento, bilhões de pessoas, em sua maioria nos países em desenvolvimento, podem enfrentar uma redução de meios de subsistência e oportunidades de vida. Uma melhor governança da água é necessária, incluindo investimento em infraestrutura do setor público e privado”, alerta o comunicado da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

De acordo com o relatório, a infraestrutura de saneamento não acompanha o ritmo da população urbana, pois mais de 80% da água usada não é recolhida ou tratada e um bilhão de pessoas ainda não tem acesso à água limpa. “Temos muito a fazer antes que todas as pessoas tenham acesso a água e saneamento necessários para levar uma vida de dignidade e bem-estar”, observou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

PARTICIPAÇÃO

A comissão brasileira no Fórum, chefiada pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, apresentou as soluções de gestão hídrica implantadas no país nos últimos anos. Embora seja detentor de 12% das águas superficiais do mundo, a distribuição naturalmente desigualitária do recurso natural torna o Brasil um dos referenciais sobre a questão.

O programa de pagamento por serviços ambientais, o Prodes (de despoluição de bacias hidrográficas por meio do financiamento do tratamento do esgoto) e o Atlas Brasil de Abastecimento Urbano de Água (como solução de monitoramento da eficiência no abastecimento), serão algumas das ferramentas brasileiras que podem ser adotadas em outros países.

A Agência Nacional de Águas (ANA) ainda apresentou outras propostas como a da criação de um órgão que promova a Governança Global da Água e a consolidação da garantia do acesso à água potável e instalações sanitárias como um direito humano. Na agenda brasileira ainda consta a construção de reservatórios para aumentar as reservas de água doce. Mais de 40 instituições públicas e privadas do Brasil estiveram presentes.

Fonte: EcoDesenvolvimento.org | Portal EcoD.