movimentos do MS pedem cpi do genocídio

Movimentos sociais do MS pedem CPI do Genocídio

Representantes de movimentos sociais, sindicais e populares reuniram-se na manhã da última sexta (dia 25/9), com o arcebispo de Campo Grande/MS, dom Dimas Lara, na Cúria Diocesana. A reunião teve o objetivo de prestar solidariedade ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi), que está sendo investigado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul.

A CPI em questão faz parte da estratégia de ataque de ruralistas aos povos indígenas e seus aliados. Proposta pela fazendeira e deputada estadual Mara Caseiro (PTdoB) e subscrita por outros deputados fazendeiros, a Comissão foi criada por despacho assinado pelo presidente da Assembleia, Junior Mochi (PMDB), e publicado no dia 18 de setembro, no Diário Oficial. A deputada chegou a defender que a CPI irá “investigar toda e qualquer denúncia que nos chegar com relação às invasões, e nós vamos apurar os fatos com absoluta imparcialidade, assegurando ampla defesa de todos que serão ouvidos”.

Tamanho interesse pela investigação e compromisso com a imparcialidade não foram sensibilizados pelo relato do assassinato de cerca de 390 indígenas, mortos em doze anos de conflitos de terra no Estado. Os movimentos sociais e sindicais de MS que compõem um Fórum Unitário de luta pelas mais diversas causas, entre elas a causa dos direitos dos povos indígenas, já estiveram na Assembleia Legislativa na quinta (24), pedindo a implantação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Genocídio.

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De acordo com dom Dimas, a “CPI do Cimi” é para desviar o foco e jogar o real problema em segundo plano. “A demarcação é a questão principal. Concordo com a indenização dos fazendeiros, mas a CPI do Cimi é para usar o Conselho como ‘bode expiatório’ e desviar o assunto sobre os territórios indígenas”, disse. Outra preocupação que o arcebispo levantou foi sobre a situação alarmante em que se encontram os indígenas em Mato Grosso do Sul. “A preocupação maior é com relação à situação de miséria e insegurança em que vive a população indígena”, pontua.

Dom Dimas ainda ressaltou que tem feito esforços no sentido de dialogar sobre a questão dos conflitos entre indígenas e fazendeiros. “Tenho feito o esforço de diálogo. É importante que o estado retome as negociações, embora saibamos que a responsabilidade é, sobretudo, do Governo Federal. Em determinados momentos há também uma responsabilidade do Governo Estadual com relação a questões, como saúde e segurança, por exemplo”, ressalta.

Na ocasião vários movimentos usaram a fala e ressaltaram a importância do arcebispo, dom Dimas, pronunciar-se a respeito da perseguição ao Cimi, juntamente com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pediram apoio para a batalha que estão travando pelos direitos dos povos indígenas de MS. O arcebispo se comprometeu a dialogar mais vezes com uma comissão dos movimentos e a ser um intermediador com algumas instâncias necessárias para tentar resolver o problema instaurado no Estado.

[+] FONTE: Assessoria de Comunicação das Pontifícias Obras Missionárias – (http://www.pom.org.br)