Projeto forma comunidades ameaçadas de remoção

Fechemos os olhos e pensemos em Fortaleza. Que imagens vêm à mente? Para muitos, a Praia de Iracema, o Centro Dragão do Mar, talvez as barracas da Praia do Futuro. Mas, além das paisagens registradas nos cartões postais, há toda uma cidade repleta de vida que costuma ser invisibilizada. Parte dela, como as comunidades Aldacir Barbosa, Trilha do Senhor e Barroso, vive hoje a ameaça de ser riscada do mapa devido às obras da Copa do Mundo de 2014.

cartaz do seminárioDiante deste cenário, o Comitê Popular da Copa, em parceria com o Coletivo Olho Mágico – Educomunicação Audiovisual em Mídias Móveis, realizará o projeto “De olho na cidade – educomunicação para o fortalecimento da luta em defesa do direito à terra urbana”, que consiste na capacitação de moradores para a produção de documentários sobre a história e o dia a dia de onde vivem, com o objetivo de registrar memórias coletivas, dar visibilidade às populações atingidas e fortalecer resistências.

O pontapé inicial do projeto será dado no próximo sábado, dia 03/09, às 14 horas, com a realização do seminário “Vídeo: comunicação, arte e política”, no Centro Social Urbano localizado na Avenida Borges de Melo, nº 910. Lá irá ocorrer uma roda de conversa com a participação do produtor Philipe Ribeiro, do realizador audiovisual, Hugo Pierot, e da integrante do Comitê Popular da Copa, Helena Martins. Em seguida, serão realizadas oficinas de hip-hop, criação de blog, fanzine, entre outras. Ao final, uma mostra de vídeos feitos com celulares e máquinas fotográficas convidará cada participante a conhecer o formato que será utilizado durante o curso.

O projeto De olho na cidade, que conta com o apoio do Fundo Brasil de Direitos Humanos, comporta a realização de cineclubes e oficinas semanais de audiovisual, que ocorrerão nas comunidades Aldacir Barbosa, Trilha do Senhor e Barroso. Uma mostra do que será feito ocorreu em julho, na Trilha do Senhor, quando uma série de oficinas foi encerrada com a exposição de fotografias “Daqui não Saio!”, experiência que pode ser conferida no vídeo abaixo. De acordo com os organizadores, espera-se que, através desta iniciativa, sejam constituídos mais espaços de debate sobre os temas citados, a partir dos olhares dos atingidos.

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httpv://www.youtube.com/watch?v=ONItji0dxg0

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SERVIÇO: Seminário “Vídeo: comunicação, arte e política” inicia projeto de audiovisual
Data: 03/09, às 14h
Local: Centro Social Urbano (Av. Borges de Melo, 910. Link para o mapa: http://migre.me/5zC8x)
Informações:
Bruno Xavier – 87509140 / Roger Pires – 87757081 / Thiago Rodrigues – 86597170

(*) O Comitê Popular da Copa recebe doações de equipamentos (câmeras digitais, celulares e computadores usados) para deixar os três núcleos bem estruturados, garantindo, com isso, a autonomia da produção audiovisual por parte dos moradores.

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Uma resposta para “Projeto forma comunidades ameaçadas de remoção”

  1. Uma atualização da notícia foi publicada na Adital (www.adital.com.br):

    No último dia 2/9 (sexta), uma reunião do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Coema) aprovou a licença prévia para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) Parangaba-Mucuripe, uma das obras para a Copa de 2014. Com isso, o governo pode iniciar o processo de desapropriação de cerca de cinco mil famílias, em 22 comunidades de Fortaleza.

    De acordo com Cássia Sales, moradora da comunidade Trilha do Senhor e membro do Movimento de Luta em Defesa da Moradia (MLDM), a reunião foi anti-democrática, pois ocorreu sem a participação dos moradores. Eles foram confinados em sala à parte e tiveram de acompanhar a votação por meio de telão. Apenas seis pessoas tiveram acesso à sala da reunião e somente duas delas puderam se colocar.

    A militante denuncia ainda que a ação do governo consiste em remoção forçada em massa, violando o direito à moradia. “Não se trata de um projeto para mobilidade urbana; isso já ficou bem claro, porque eles nem apresentaram projetos alternativos, coisa que todo EIA/Rima [ Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto ao Meio Ambiente] tem que ter. Se trata de higienização social”, sentencia.

    Segundo ela, o governo propôs remover as comunidades para conjuntos habitacionais entre o Conjunto José Walter e o município Maracanaú, região desvalorizada, pois carece de serviços básicos. “É como se fosse um campo de concentração! Passam por cima da lei orgânica do município, que dispõe que a realocação tem que ser feita no raio de dois quilômetros de distância da moradia antiga”, enfatiza.

    Cássia afirmou ainda que o MLDM vai recorrer na Justiça para que a reunião do Coema seja anulada. “Vamos continuar lutando por nossos direitos”, arrematou.